Independentemente de tudo o resto que façamos pelas nossas crianças, este deve ser um dia (o início de um fim-de-semana de 4 dias, que bem falta fazem) para reflexo sobre o bem-estar e a felicidade das crianças.

Por sermos pais e pessoas envolvidas na educação das crianças, a equipa Magnetic Kids deixa aqui uma pequena reflexão que pode levar a análises profundas do que estamos a fazer às nossas crianças e qual o rumo que pretendemos tomar na sua educação.

Ser criança é ser mexido

Ser criança é sinónimo de brincadeira activa. De saltar, correr, cair e levantar-se, trepar a árvores, voltar a cair e voltar a levantar-se, chorar com um arranhão como se lhe tivessem arrancado um membro, fazer espadas de pau, espetar uma farpa e chorar novamente, fazer fantoches com rolos de papel higiénico e deixar cair cola na roupa, no cabelo…

Enfim, ser criança é ser mexido, irrequieto, ter bichos carpinteiros.

“Pois, pois, escreves isso porque não tens de os aturar”, estará o leitor a pensar. Nada disso! Escrevemos isto porque acreditamos que as crianças são mais felizes quando se mexem, mesmo que caiam e se esmurrem, mesmo que ocasionalmente lá tenham que ir ao hospital com uma fractura.

Mexer-se é sinónimo de ser criança.

É precisar que um adulto ajude com algumas tarefas, por mais estapafúrdias que elas possam parece.

Os adultos? Têm de zelar pela sua segurança

Nós, adultos, temos que zelar pela sua segurança, sempre que tal nos é possível, dar-lhes todos os meios possíveis para acicatar e responder à sua curiosidade, permitir que deixem a sua imaginação voar, em suma, temos que contribuir para que sejam crianças felizes, seguras nas suas experimentações e nas brincadeiras que fazem.

Estas crianças crescerão para se tornarem adultos esclarecidos, felizes, magnetizantes pelas suas qualidades.

É aqui que devemos parar um pouco para pensar. Estamos a dar às nossas crianças todas as armas para serem adultos felizes e seguros de si?

Talvez não. E talvez esta falha não seja nossa, ou pelo menos não de forma consciente.

Queremos, evidentemente, o melhor para os nossos filhos, sobrinhos, netos, amigos. Mas, talvez influenciados por esta cultura de ter muito do que é bom, estaremos a dar muitos brinquedos, que estão a prejudicar as crianças.

Vamos pensar na nossa infância?

Paremos novamente. E agora, com calma, vamos pensar na nossa infância. O que nos fazia mais felizes? Era estar tardes inteiras diante da TV ou era mexer com alguma coisa? Desmontar carrinhos para os voltar a montar, perdendo algumas peças pelo caminho, desenhar vestidos para as bonecas, estragando aquele bocado de tecido que a mãe me tinha guardado? Estas eram as chamadas “brincadeira activas” com “brinquedos passivos”.

Estamos no mundo dos opostos. Brinquedos activos fazem crianças passivas. TV, tablet, telemóvel, têm muita ação e demasiados estímulos e cores e levam a que as crianças e até os adultos fiquem paradas, apáticas, quase anestesiadas, diante destes aparelhos. Os aparelhos fazem tudo por nós. Não temos de pensar, quase não temos que nos mexer.

Já no lado oposto, temos os brinquedos passivos, aqueles que se fazem se os fizermos fazer.

Brinquedos activos vs brinquedos passivos

Temos que lhes mexer, temos que os movimentar, temos que pensar como vamos fazer para obter o resultado que queremos. Com a sua aparente inactividade, os brinquedos passivos fazem tudo o que as tecnologias não conseguem fazer.

Um brinquedo ativo, que faz alguma coisa, entretém (apenas). A criança precisa só de carregar num botão, sentar-se e ver passivamente o que se passa.

Um brinquedo passivo, que não faz nada, envolve a criança, que tem de estar ativa para desfrutar dele.

Cabe-nos a nós decidir que crianças queremos criar, que adultos queremos ter. Activos ou passivos?

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